Era noite, chovia, o sol raiava;
Elefantes pulando de galho em galho
E o frio, tal calor comunicava
Que de nada servia o agasalho.
Vindo do norte, o vento sul soprava,
Trazendo um cheiro horripilante;
Ouvia a voz de um mudo que falava,
Era o cadáver de um morto agonizante.
Um homem velho em plena juventude,
Com uma careca enorme e cabeluda,
Morrera enfermo, cheio de saúde,
Sorrindo à toa de expressão suicida.
Aconcheguei-me e perguntei-lhe admirado:
"Quanto tempo estás aqui, neste lugar?"
Silêncio...vejam só que malcriado!
O defunto teimava em não falar.
Fiquei fulo de raiva. Minha face
Enrugou-se, esticando-se demais.
Ninguém passava ali, mas se passasse,
Passava adiante, andando para trás.
Calmamente perdi a paciência,
Tive vontade de meter-lhe um murro.
De mansinho, gritei com violência:
"Levanta-te do chão, defunto burro!"
Nesse instante, parece até mentira,
O MORTO-VIVO exclamou de mau humor:
"Deixa-me, daqui ninguém me tira,
Na sepultura, uf! Que calor!"
Valente como sou, já quis gritar,
Porém, mudei de idéia num instante.
E, ao longe, num boteco fui buscar
Um refresco para um morto agonizante.
Cheguei cedo demais, já era tarde
Todo encolhido, no seu porte altivo,
O valente cadáver, que covarde!
Morrera, estava morto o MORTO-VIVO!
Tomei um susto que até fiquei mudo,
Gritei tão baixo que nem sequer ouvi;
Fiquei cego e vendo aquilo tudo,
Vendo o morto morrer, também morri.
(Autor desconhecido)
Elefantes pulando de galho em galho
E o frio, tal calor comunicava
Que de nada servia o agasalho.
Vindo do norte, o vento sul soprava,
Trazendo um cheiro horripilante;
Ouvia a voz de um mudo que falava,
Era o cadáver de um morto agonizante.
Um homem velho em plena juventude,
Com uma careca enorme e cabeluda,
Morrera enfermo, cheio de saúde,
Sorrindo à toa de expressão suicida.
Aconcheguei-me e perguntei-lhe admirado:
"Quanto tempo estás aqui, neste lugar?"
Silêncio...vejam só que malcriado!
O defunto teimava em não falar.
Fiquei fulo de raiva. Minha face
Enrugou-se, esticando-se demais.
Ninguém passava ali, mas se passasse,
Passava adiante, andando para trás.
Calmamente perdi a paciência,
Tive vontade de meter-lhe um murro.
De mansinho, gritei com violência:
"Levanta-te do chão, defunto burro!"
Nesse instante, parece até mentira,
O MORTO-VIVO exclamou de mau humor:
"Deixa-me, daqui ninguém me tira,
Na sepultura, uf! Que calor!"
Valente como sou, já quis gritar,
Porém, mudei de idéia num instante.
E, ao longe, num boteco fui buscar
Um refresco para um morto agonizante.
Cheguei cedo demais, já era tarde
Todo encolhido, no seu porte altivo,
O valente cadáver, que covarde!
Morrera, estava morto o MORTO-VIVO!
Tomei um susto que até fiquei mudo,
Gritei tão baixo que nem sequer ouvi;
Fiquei cego e vendo aquilo tudo,
Vendo o morto morrer, também morri.
(Autor desconhecido)
Morto vivo nunca vi
ResponderEliminarElefantes pulando de galho em galho também não
Frio muito já senti
Sem agasalho e pouco pão
Já há muito por aí!
Mas que grande inspiração
Quem escreveu coisa assim
Está ficando triste a Nação
Governada por tanta gente ruim!
Só irá haver mortos
Vivos poucos ficarão
Há por aí tantos marotos
Nos bolsos do pobres a meter a mão!
O morto vivo onde mora
No cemitério não
Vai para a toca sem demora
Antes que te deitem a mão!
Aquele espertalhão
Que faz tudo às escondidas
Vem aí o grande furacão
Aprovado pela Tróika as medidas!
Termina o autor
Vendo morto morrer
Se assustou com o estupor
Terá ido com morto vivo viver?
Está muito boa
Já deveria ter morrido
Não fazia coisas à toa
Melhor seria não ter aparecido!
Boa segunda-feira para ti.
amigo António,
um abraço
Eduardo.
Gostei, como não sou grande conhecedor de quadras ou versos, (essa tarefa deixo ao cuidado do Eduardo) estas quadras que aqui deixas são de alguém com grande capacidade de fazer trocadilhos, e embora de morto se fale, dá para sorrir, que o morto não vai levar a mal com certeza.
ResponderEliminarMuito bom mesmo
Um abraço
Virgilio
Gostei. Parece o poema da contradição.
ResponderEliminarEmbora surreal está giro.
Um abraço e uma boa semana
Esta veio por conta do Camilo, não é verdade?
ResponderEliminarNão sei se chego tarde, porque ainda é cedo, mas deixo aqui o meu abraço :)
ResponderEliminarPena não se saber o autor, um poema surreal, mas que gostei muito de ler!
Sónia
Também desconheço o autor, mas sei que se inspirou no GRANDE,INCOMPARÁVEL,ator figueirense Camilo de Oliveira, que nasceu nos camarins do Teatro Caras Direitas em Buarcos e morrerá num qualquer palco, fazendo rir as pessoas, já morreu duas vezes e ressuscita no dia seguinte, GRANDE CAMILO! Força aí na carcaça.
ResponderEliminarO morto vivo não morreu
ResponderEliminarContinua na tarde serena
No Teatro Caras Direitas nasceu
Mas que grande sena!