segunda-feira, 28 de maio de 2012

ENFIM, A ÍNDIA

A manhã clareava nos outeiros por onde passa o rio Ganges, quando da gávea alta dos marinheiros enxergaram terra pela proa das naus.
       Voa dos corações o medo. Foge a sombra de temor que os desvairava.
       O piloto melindano, jubilosamente, exclama que a terra que se avista enfim é Calicut, cidade da Índia!...Era realmente a Índia, a Índia que os Portugueses buscavam, e que enfim alcançavam depois de obstinados e rudes trabalhos.
      Tão contente ficou Vasco da Gama, que de joelhos em terra e de mãos postas, agradeceu à Providência a mercê que lhe fazia, deixando-o obter a vitória que ambicionara, e livrando-o de todas as dificuldades e perigos aparecidos no caminho.
      Bem ganha fora a recompensa do seu esforço e tenacidade.
     Não são para os fracos e para os cobardes as graças e mimos da Fortuna. São para aqueles que, vencendo temporais, sofrimentos, guerras, calor e frio, distâncias e medos, desprezando molezas e preguiças, falsas honras e dinheiro sem virtude- tudo fazem para conquistar fama e glória próprias, que são depois a fama e a glória da sua Pátria e do seu Povo.
     Triunfavam os Portugueses naquela manhã da chegada a Calicut...
                                                                                                         João de Barros, «Os Lusíadas» de Luís de Camões

Acho que não devemos esquecer, os verdadeiros portugueses do passado, estes sim, honravam a sua Pátria.

6 comentários:

  1. Esse Portugueses terão deixado descendência? pelo andar da carruagem parece que não, tão mal reporesentados temos estado.
    O Casamento Indiano vem-me lembrar que um destes dias vou ter um na Familia, vamos ver como irá correr.
    Um abraço
    Virgilio

    ResponderEliminar
  2. E assim mudou-se para sempre o destino do Continente Asiático... Ainda hoje a uns 16 Kms. de Calicute (agora com outro nome) lá está uma reduzida e vandalizada placa com a data... O Mário Soares aqui há uns anos deixou também em Cochim umas quantas placas comemorativas do feito, que servem apenas para os vendedores porem as bugigangas... Como o amigo Virgílio pergunta se os portugueses deixaram descendência, gostaria de dizer que deixaram e não foi pouca... Na Ilha Vypeen (Cohim de Cima) em frente a Cohim de Baixo, por exemplo existe uma comunidade descendente "dos casados" que vive ao rededor de uma Igreja e de um cemitério cheio de nomes portugueses. O BOM DIA que me deram pagou bem as 500 rupias que deixei na caixa das esmolas e mesmo na cidade, quem for em direção ao cemitério holandês irá encontrar uma casa com uma grande placa... CARNEIRO'S FAMILY * PORTUGUESE DESCENDENTS... É impossível na Costa Malabar andar mais de 100 Kms, sem encontrar vestígios dos portugueses... Este mesmo João de Barros disse um dia mais ou menos isto: "Os Fortes e as Igrejas um dia irão pó manêta mas os nossos costumes e o nosso sangue permanecerão nesta terra para sempre!"
    Valdemar Alves

    ResponderEliminar
  3. Têm uma cor de pele linda, espetacular, se tiver essa beleza por dentro irá tudo correr bem, depois lá terás que ser empurrado para o avião até à Índia!

    O nosso filho da escola Valdemar conhece o mundo, que inveja eu tenho.
    Um grande abraço Amigos/as

    ResponderEliminar
  4. Ainda sou do tempo em que viajar de avião ia-se de gravata e ia o Bairro inteiro à Portela despedir-se do felizardo... Hoje os maiores centros de turismo estão cheios de backpackers (tesos que nem carapaus) que viajam de calçoes e chinelos e embora eu já tenha idade para ter juíso, tem sido o meu caso... Para muitos portugueses da nossa idade ir de mochila (uma Samsonite sem rodas) e viajar na JET STAR onde se compra SÓMENTE O ASSENTO (com comida, manta e headphones àparte) seria um sacrilégio e logo excomungado pela malta do Jetset alfacinha. Levar o farnel para dentro de um avião é coisa de saloios.. E depois temos aqueles hotéis asiáticos: onde os bigodes das baratas fazem-nos cócegas, onde aparecem sempre pintêlhos prêtos nos lençois, onde por vezes o cadeado é maior que a TV, onde a comida é servida em cima de uma folha de bananeira e onde a sanita se entope à primeira descarga, não é o turismo ideal para "a geração à rasca"... Mas como estou vacinado contra todos estes inconvenientes, farto-me de viajar e de consumir comprimidos para a diarreia... O problema é que não tenho nenhum amigo português que me siga. Será que têem medo de andar de avião (?!?)... E agora se me desculpam tenho que ir desinfectar a mochila para mais um trip.
    Valdemar Alves

    ResponderEliminar
  5. A manhã clareava
    Corria a água no rio
    O marinheiro cantava
    Na proa do navio!

    Quando à Índia chegava
    A Armada portuguesa
    Vasco da Gama a comandava
    Conquista cidade goesa!

    Boa noite para ti, amigo António.

    ResponderEliminar