quarta-feira, 27 de maio de 2015

O FUTURO É AGORA...

O futuro é agora

Eu vi a história de outra forma: Pedro Mota Soares, ministro da Segurança Social, não desmentiu Maria Luís Albuquerque, ministra das Finanças, depois desta ter admitido a possibilidade de o Governo cortar nas atuais pensões. Quando muito, ficou aborrecido por ter conhecido por uma colega a estratégia do Governo para a área que ele tutela. E nem sequer fiquei impressionado com a tentativa da própria Maria Luís de corrigir o tiro, dois dias depois, envolvendo o PS num negócio que os socialistas já tinham dito ser impossível. Fumaça.

A ministra das Finanças não se descaiu. Comunicou foi em primeira mão ao país aquilo que lhe vai no pensamento. Aquilo que, desconfio, o próprio Mota Soares e a cúpula do Governo acreditam ser uma inevitabilidade: envolver as pensões em pagamento no esforço para tornar sustentável o sistema de Segurança Social. O que se passou depois foram manifestações públicas de aparente embaraço para controlar danos eleitorais. Aliás, convém recordar que, há mais ou menos um ano, Maria Luís Albuquerque e Pedro Mota Soares estiveram de acordo quando aprovaram um corte permanente nas pensões, através da contribuição de sustentabilidade. Medida que só não foi avante porque o Tribunal Constitucional não permitiu.

Propor aos pensionistas mais sacrifícios é tão audaz quão suicida. Então num contexto em que os mais velhos foram chamados a amparar os filhos e os netos, soa até ofensivo. Por isso, tudo o que se diga, tudo o que se queira fazer e tudo o que se faça tem de obedecer aos princípios da seriedade e da honestidade. Não vender ideais românticos de difícil aplicação. Não escolher a estrada mais curta, punindo os que estão mais à mão.

Não há, porém, uma solução milagrosa. Apenas diferentes perspetivas. O PS prefere a via expansionista, convencido de que a criação de empregos e a estabilização de salários alimentam o sistema sem necessidade de massacrar os atuais pensionistas. O desabafo-aviso de Maria Luís Albuquerque parece sugerir que a maioria PSD/PP está mais inclinada para uma solução imediata, que implique cortes nos rendimentos. Mas há outros caminhos: reforçar, como sugere o economista Eugénio Rosa, o combate à fraude e evasão fiscal na Segurança Social, cujas dívidas rondam os 10 mil milhões de euros; ou criar uma solução plural, como admite Bagão Félix, fazendo com que pensionistas, ativos, empresas e cidadãos em geral contribuam.

Agora que entramos na fase pré-eleitoral em que nos violentam com programas de Governo, exige-se, numa matéria tão sensível como esta, que nos expliquem tudo direitinho, sem ceder à tentação de transformar um debate sobre o futuro de todos num confronto entre gerações.

Pedro Ivo Carvalho
Opinião JN 27.05.2015

5 comentários:

  1. Estão de navalha a fiada,
    para nos tirarem as tripas
    mas que grande canalhada
    só sabem dizer mal do Tsipras.

    Para o seu povo mais não empobrecer,
    não quer cortar ordenados nem pensões
    como o governo português pensa fazer
    para encher os seus bolsos de milhões!

    Quem quiser levar mais porrada que vote neles!

    Porrada não, um abraço sim, para ti amigo António.

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  2. Olá, António!

    "Quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto", diz-se e, é inevitavelmente verdade.
    A História é agora, ontem e será, talvez, amanhã, se Deus o permitir.
    Gostei de ler a crónica, que pode ter diversas interpretações, e cada qual pensa da forma k muito bem entender.

    Agradeço a sua visita e comentário no meu blogue. Então, esteve em França, 30 anos. Que experiência e cultura adquiriu! Os meus tios, dois, também lá estiveram e fizeram um bom pé de meia.

    Amar em França, e mais propriamente em Paris, é diferente de amar em qualquer parte do mundo.
    Costumo pôr música francesa no meu blogue, pke gosto imenso daquela tendresse et douceur des mots.

    Beijos para si e família.

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  3. Ok, António. Peço desculpa! Mas, em seis anos, já se criam algumas raízes. Reli, agora, o seu comentário e, de facto, o número 30 existe lá, mas, é trinta anos depois, reencontrou a sua canção preferida, nossa, de todos, penso, aliás.
    É impossível ficarmos indiferentes a tanta beleza e harmonia.

    Beijinhos para todos.

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  4. Nem é preciso dizer mais nada, porque o amigo Eduardo já disse tudo!
    xx

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  5. Amigo Eduardo,votar nos que estao é uma doidice e faze-lo nos que là estiveram é continuar na mesma.Pois: esquerda e direita mesmo combate, roubar aos pobres para eles encherem a mula.
    Voce como um tipo d'uma certa experiencia e como a maior parte dos Alentejamos do P.C.P.convença O CAMARADA Jeronimo a fazer uma coligaçao com os extremos de esquerda.
    Até à proxima e um abraçao a todos ! ...

    DA CRUZ

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