Opinião – A visitação da senhora
Frau Merkel visita Portugal no próximo dia 12. A visitação será apenas dehoras, mais de médico do que imperatriz, no que ao tempo respeita. Mas não deixa de ser sentida como uma inspecção de soberana a um pobre protectorado. Sob o domínio da troika, a soberania nacional encontra-se condicionada. A Constituição da República permanentemente violada e secundarizada face a um pacto de agressão externa que, em verdade se diga, foi deprecado por forças políticas internas, as que vulgarmente são designadas como do “arco do poder”. Esse arco sem triunfo e sem glória.
Frau Merkel vem aí. De Berlim a Lisboa são umas horitas de viagem. Na visitação da soberana haverá reuniões e encontros com a nobreza autóctone. Far-se-ão balanços sobre o sucesso da aplicação do memorando, pacto de gerência em vigor.
A história de um país de muitos séculos de identidade está pejada de mandos e desmandos das grandes potências externas. A mais velha aliada, desde Windsor, foi também a mais velha soberana. Todo o nosso século XIX é exemplo disso e entre as maiores figuras da nossa história encontramos quem, como Gomes Freire de Andrade, tenha feito frente ao imperialismo inglês, pagando com a própria vida, dependurado na forca às ordens de Beresford, no Forte de São Julião da Barra a 18 de Outubro de 1917, para exemplo de um povo inteiro. Depois das ousadias coloniais de um império de segunda, rabiscadas a cor de rosa num mapa de quem, após a Conferência de Berlim, também queria comer à mesa da partilha da África, os ingleses de novo puxaram as orelhas ao Zé Povinho e em modo de Ultimato ameaçaram com o navio “Enchantress”, aportado em Vigo, mesmo à mão de pôr uma naçãozita na ordem, ordem imperial britânica, entenda-se.
No concerto e desconcerto dos interesses políticos e económicos das grandes potências capitalistas europeias e mundiais, os países periféricos foram sendo “colonizados”. No início do século XXI, a União Europeia assume um projecto estratégico de domínio na pretensão de edificação de um “super-Estado” imperialista, com relações de domínio colonial, à custa da própria soberania, das condições de vida e do direito ao desenvolvimento dos seus próprios povos e da democracia dos mais periféricos dos estados membros.
A senhora Merkel não é a rainha Vitória, mas é quase como se fosse. Representa quase o mesmo. E é assim que o povo português a vê hoje. À mulher de César não basta ser séria, precisa de parecê-lo, também. E esta parece mesmo mulher de César. A esta “kaiserina” não falta nada. É a embaixatriz da Europa dos Mercados, dos grandes senhores da banca-casino.
Frau Merkel será recebida, com as honras que o seu estatuto lhe confere, por uma meia-dúzia de fidalgotes locais. Os senhores das paróquias sempre à espreita, ansiosos e prestimosos, expectantes e submissos, atentos e cuidadosos serviçais da visitação imperial.
Outro pode e deve ser o nosso destino colectivo! (Diário as Beiras)
Completamente de acordo com o artigo, de facto não sei o que vai na cabeça destes fulanos que detêm o poder, para numa altura destas em que com razão ou sem ela, o Povo não pode ouvir falar sequer no nome Merkel, então porque é que estes gajos que a convidaram não a desconvidam? marcando a visita para data oportuna? dá ideia que estes sacanas querem é colocar-nos de calças na mão perante os tipos da massa dos quais a bandeira actual é transporatda pela dona Merkel.
ResponderEliminarUm abraço
Virgilio
Vão gastar um dinheirão
ResponderEliminarNuma visita indesejada
Melhor seria comprar pão
Para quem não tem migalha!
Boa noite, até ao meu regresso se Deus quiser.