Meu barquinho de papel
Estávamos no ano, 1949 tinha sete anos de idade, na escola primária ensinaram-me, (além de ler e escrever) a fazer barquinhos de papel, com os quais brincava numa pequena lagoa rural...
A barca do campo
Aos domingos pedia a barca a um tio, que servia para ajudar a fazer a sementeira do arroz, convidava dois ou três amigos de infância e vinha-mos navegar para os campos ainda sem arroz, era o bichinho da navegação a crescer...
O carregueiro ao largo da Fig. da Foz
De vez em quando vinha à cidade da Figueira da Foz, que ficava a 50 km de distância, até à praia, acompanhado da minha avó paterna e dos meus cinco primos "Queridos"...Aqui começou o meu fascínio pelo mar, via passar ao largo pequenos barcos de pesca (traineiras) ou carregueiros, depressa nasceu o sonho de ser marinheiro e aos 18 anos de idade comunico a meus pais a minha intenção de ir voluntário para a marinha de guerra, nesse momento vejo cair duas lágrimas dos olhos de minha mãe a dizerem-me: Tonito, és muito novo para te afastares de nós...Perante este cenário de coração de mãe, adiei minhas intenções até aos 20, aí pedi desculpa mas tinha que seguir meu sonho, concorri e depois de no Corpo de Marinheiros do Alfeite, ter feito as provas exigidas fiquei aprovado, no dia marcado das inspeções, quando embarquei na doca da marinha em Lisboa, a bordo duma vedeta da marinha que me levou à Base Naval do Alfeite, tinha começado o meu sonho, só que chegada a hora em que me apresentei como vim ao mundo, em frente do 1º tenente Patrício e me disse: Vais para Fuzileiro, estremeci, a palavra Fuzileiro assustou-me porque não conhecia, era uma especialidade da Armada recentemente criada, mas lá fui era tarde para voltar atrás...

Navio Escola Sagres
Uma vez chegado à Escola de Fuzileiros em Vale de Zebro e começo a ver as pistas, apercebi-me que dias difíceis de intenso esforço físico me esperava, mas tinha aprendido que "desistir" nunca, o tempo ia passando e a adaptação ia ficando e crescendo, até que num dos cursos (e já depois da recruta) denominado ITE, há ordens para ir embarcar na Sagres para aprender Marinharia, foram bons tempos que lá passei, mas acabaram depressa...
O vaso de guerra, que sonhei fazer parte da tripulação
Dar a volta ao mundo e conhecer outros povos, outras culturas, trocaram-me as voltas, mas fui-me habituando à camaradagem e às regras que militarmente tinha que cumprir, chegou a oportunidade de sair do país, para Angola, pouco agradável porque decorria aquela guerra maluca e sem sentido e lá fui, cumprida a minha missão, regressei mas tinha ficado em mim, as gentes e o cheirinho a África e voltei, desta vez para Moçambique, para cumprir mais uma comissão, regressando à Escola de Fuzileiros, em 1968...
Pista de lodo na Escola de Fuzileiros
Sem saber como as coisas acontecem, surge o meu 1º Castigo, que serviu de trampolim para saltar para França e assim terminou O MEU SONHO DE MARINHEIRO.