terça-feira, 16 de junho de 2015

E TUDO FOI DESTRUÍDO...

No tempo da minha juventude eu via...
Nas valas, ribeiras, ou mães d´água, águas límpidas que corriam para o rio mais próximo, com elas os peixes que saltavam! Os Guarda-rios profissionais, que mandavam limpar os seus leitos e as suas margens!

Os Guarda-rios (pássaros), que em descidas rapidíssimas mergulhavam e lá traziam no seu longo e afiado bico, o peixinho para o almoço!

O vinho, (Guarda-rios), Vale D´Algares, quem ainda não ouviu falar. E com alguma tristeza talvez não se volte a falar mais neste grande produtor. Com tudo para ter sucesso, com vinhos de grande qualidade e bons profissionais a trabalhar, a coisa não se deu. Quanto aos vinhos, fica aqui este tinto de 2008, que ainda podem encontrar à venda em alguns sitios, nomeadamente no El Corte Inglês.

Ainda com grande potencial, este tinto é daqueles que dá prazer em beber, com a sua complexidade que vai adquirindo e com a sua juventude e qualidade que tem. Está perfeito, a dar cartas a muitos que por aí andam bem mais caros e sem personalidade nenhuma. Este vos garanto que vai surpreender aqueles que não conhecem e aqueles que já não o provam à algum tempo. Aproveitem enquanto há.

A sua cor é rubi quase opaco. No nariz mostra notas de fruta bem madura, tosta, floral, especiarias e ligeiro couro. Na boca é seco, frutado, complexo, intenso, encorpado e de final de boca longo e persistente. 

Um vinho fabuloso para o preço que tem neste momento.


Agora eu vejo, nos leitos de qualquer vala, lama suja, no inverno misturada com dejectos de lagares, as silvas que cobrem completamente as suas margens, porque os profissionais já não existem, os bonitos pássaros azuis, nem vê-los nos locais onde outrora eram pequenos paraísos onde nós crianças, brincávamos alegremente! Hoje ao passar nesses locais, sinto uma enorme tristeza ao ver a degradante transformação paisagística a que o homem deixou chegar os pequenos paraísos que não se apagarão da minha memória, mas que tudo o homem foi destruindo.

3 comentários:

  1. Para quê limpar os rios?
    para quê limpar as terras
    para servem os baldios
    nem para criar beldroegas
    porque o senhor Silva acabou
    com a agricultura e com as pescas.
    Para nada serve aqui em Portugal
    dizem na terra trabalhar
    por que não dá lucro, afinal
    mais vale pedir dinheiro emprestado
    para o que nos faz falta comprar
    por causa disso o país está endividado
    tudo por causa de gente louca
    se eu pudesse te mandava um rebuçado
    para te adoçar a boca...

    Tenhas uma boa tarde amigo António, um abraço.
    Eduardo.

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  2. Meu grande amigo Eduardo
    Eu te venho agradecer
    Mas o teu doce rebuçado
    Não me fará esquecer

    Já lá não vamos com rebuçados
    Nas terras não há quem trabalhe
    Só temos trabalhadores encapuçados
    Nas secretárias só há quem baralhe

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  3. Quem não tem saudades desses recantos!
    Felizmente aqui no Minho ainda subsistem uns quantos lugares desses que vale a pena visitar.
    Mas o desenvolvimento passa por cima de tudo e as grandes pocilgas e vacarias, além das fábricas de tinturaria e outras similares, enchem os cursos de água de quanta porcaria há.

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