quarta-feira, 27 de novembro de 2013

ORGULHOSO POR TER SIDO UM PAI MAU...


PAIS MAUS

“Um dia, quando os meus filhos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva pais e mães, eu hei de dizer-lhes:
- Eu amei-os o suficiente para lhes ter perguntado aonde vão, com quem vão, e a que horas regressarão.
- Eu amei-os o suficiente para não ter ficado em silêncio, e fazer com que vocês soubessem que aquele novo amigo não era boa companhia.
- Eu amei-os o suficiente para fazê-los pagar os doces que tiraram do supermercado, ou revistas, do quiosque, e fazê-los dizer ao dono: “Nós tiramos isto ontem, e queríamos pagar”.
- Eu ameio-os o suficiente para ter ficado em pé, junto deles, duas horas, enquanto limpavam o quarto, tarefa que eu teria feito em 15 minutos.
- Eu ameio-os o suficiente para deixá-los ver, além do amor que eu sentia por eles, o meu desapontamento e também as lágrimas nos meus olhos.
- Eu ameio-os o suficiente para deixá-los assumir a responsabilidade das suas ações, mesmo quando as penalizações eram tão duras que me partiam o coração.
- Mais do que tudo, eu ameio-os o suficiente para lhes dizer NÃO, quando eu sabia que vocês poderiam odiar-me por isso (e em alguns momentos até me odiaram).
Essas eram as mais difíceis batalhas de todas.
Estou contente, venci… Porque, no final, vocês venceram também! E qualquer dia, quando os meus netos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva pais e mães; quando eles perguntarem se os seus pais eram maus, os meus filhos vão dizer-lhes:

“Sim, os nossos pais eram maus. Eram os piores do mundo. As outras crianças comiam doces no café e nós só tínhamos que comer cereais, ovos, torradas. As outras crianças bebiam refrigerantes, comiam batatas fritas e gelados ao almoço, e nós tínhamos que comer arroz, feijão, carne, legumes e frutas. Nossos pais tinham que saber quem eram os nossos amigos e o que nós fazíamos com eles.
Insistiam em que lhes disséssemos com quem íamos sair, mesmo que demorássemos apenas uma hora ou menos. Nossos pais insistiam sempre connosco para que lhes disséssemos sempre a verdade, e apenas a verdade.
E, quando eramos adolescentes, eles conseguiam até ler os nossos pensamentos. A nossa vida era mesmo chata!
Nossos pais não deixavam os nossos amigos tocarem a buzina para que saíssemos; tinham que subir, bater à porta, para que os nossos pais os conhecessem.
Enquanto todos podiam voltar tarde da noite, com 12 anos, tivemos que esperar pelo menos até os 16 para chegar um pouco mais tarde; e aqueles chatos levantavam para saber se a festa foi boa (só para verem como estávamos, ao voltar).
Por causa dos nossos pais, nós perdemos imensas experiências na adolescência: nenhum de nós esteve envolvido com drogas, roubo, actos de vandalismo, violação de propriedade, nem fomos presos por crime algum.
FOI TUDO POR CAUSA DOS NOSSOS PAIS!
Agora, que já somos adultos, honestos e educados, estamos fazendo o melhor para sermos PAIS MAUS, como eles foram”.

Dr. Carlos Hecktheuer, médico psiquiatra

4 comentários:

  1. Os tempos são outros, os hábitos igualmente, e ainda as exigências da modernidade, de facto há luz dos dias de hoje, também fui um mau Pai.
    Um abraço
    Virgílio

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  2. Excelente!!! Os meus pais foram mais que maus! E eu só espero conseguir ser como eles...

    Deixo um abraço

    Sónia

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  3. O mau pai, bom pai é. O bom pai, mau pai é. A gente pensa que ao fazer todas a vontades aos filhos, estamos a contribuir para o seu bem estar na vida. Todavia, tudo o que é feito em demasiado, não tem o aproveitamento devido. O desperdício não beneficia, pelo contrário prejudica.
    Boa tarde para ti amigo António, um abraço
    Eduardo

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  4. E eu acho que não consegui tão mau como devia, mas há quem tenha feito pior.

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