segunda-feira, 16 de maio de 2016

ASSIM ERA BARBOSA DU BOCAGE....


Conta-se que Bocage, ao chegar a casa um certo dia, ouviu um barulho estranho vindo do quintal.

Chegando lá, constatou que um ladrão tentava levar os seus patos de criação.

Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com os seus
amados patos, disse-lhe:

-Oh, bucéfalo anácrono! Não te interpelo pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo
 acto vil e sorrateiro de profanares o recôndito da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa
 e à socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo... mas se é para zombares da minha elevada
 prosopopeia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com a minha bengala fosfórica bem no alto da tua
 sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à quinquagésima potência que o vulgo denomina nada.

E o ladrão, confuso, diz: Doutor, afinal levo ou deixo os patos?


4 comentários:

  1. Numa nota de cem escudos,
    como nas mãos do Bocage seria
    na carteira dos barrigudos
    havia, no tempo na burguesia!





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  2. Bocage é o meu poeta preferido!
    Acredito que muitas das histórias que lhe são atribuídas foram inventadas por outros, mesmo assim o que se conhece dele é suficiente para que fique na história.
    O Salazar e o Cerejeira não deixavam que se ensinasse a sua poesia na escola, mas nem depois de morrerem isso mudou muito. Será que algum dia mudará?

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  3. Como é que Bocage comentaria,
    os corruptos, se vivesse agora
    daquele tempo a açorda comia
    sem azeite não se faz a tiborna!

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  4. Se o Bocage fosse vivo, não era adepto do teu clube !




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