segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

DEZEMBRO...



Agora, sob a terra, ao seu calor,
A vida dorme e repoisa;
E a terra canta, embala cada coisa
Com seu canto materno e embalador:

- Ó chuva que estás caindo
Do céu todo embaciado,
Deixa dormir as raízes
Um sono bem descansado.

Ó vento que estás ventando,
Assoprando gemebundo,
Deixa dormir as sementes
Um sono doce e profundo.

Ó geada que tudo cortas,
Não afies o teu gume,
Deixa sonhar as roseiras
Co´as abelhas e o perfume.

Ó tempestade que passas,
Não faças tanto ruído,
Deixa sonhar as ramadas
Um sonho todo florido.

Coisas que estais ao meu seio,
Dormi e sonhai, sorrindo,
Sonhai na sombra do inverno,
Com o sol de abril florindo.

Dormi, sonhai, descansadas,
O sonho que em vós se gera:
E acordareis aureoladas
Na graça da primavera!

(Afonso Lopes Vieira,)

8 comentários:

  1. Mais neve não!
    porque tanta frio sinto
    para comer preciso de pão
    senão morro faminto!

    E tu aí o que estás pensando,
    vai para a tua quinta trabalhar
    as galinhas estão precisando
    dum chibante galo para as galar!

    Vai dar palha às ovelhas,
    não te esqueças da ração
    mete os bácoros nas quartelhas
    trabalha para o bem desta Nação!

    Porque és bom cidadão,
    vais ser condecorado
    com um dourado medalhão
    pelo presidente cavaco!

    fuzileiro navegador...
    não te vais arrepender
    António, poeta trabalhador
    o que foste ao Cobué fazer?

    Tenhas uma boa tarde de segunda-feira, um abraço.
    Eduardo.

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  2. Falas bem poeta amigo
    Mas tudo isso acabou
    A saúde já não quer nada comigo
    Tudo acaba como começou.

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  3. Amigo, não esmoreças,
    esta vida dois dias são
    aguenta-te ai nas canetas
    não deixa cair a viola no chão!

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  4. Uma bela escolha do poeta Afonso Lopes Vieira, um poeta um pouco esquecido nos nossos dias.
    E gostei der o comentário do amigo Eduardo.
    Mas porque diz que a saúde não quer nada consigo, António...sente-se doente?...Espero que não!
    xx

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  5. De poesia percebo pouco. Do passado basta-me o Bocage que chamava os bois pelos nomes e não se coibia de apontar o dedo a quem fazia asneira e do presente basta-me o Eduardo que enche a minha existência de versos.

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  6. Vá lá não sejas mau pr´a mim!
    Deixa o Eduardo extravasar os seus poemas e a mim acompanhá-lo na música!
    Não acredito que só gostes do Bocage?
    Então e do Alegre, que agora voltou a arrebitar?

    Amiga Laura, no PDI, aparece-nos de tudo, até o que não esperamos.
    Mas há que tocar a vida para a frente, sempre sem perder o sentido de humor.
    Abraços e bom Natal a todos

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  7. Ah António, se fosse só no PDI!...:-(
    Embora não sabendo o que se passa,nem deva sabê-lo, isso não é para aqui chamado, porque de uma questão privada se trata, só posso desejar-lhe uma rápida recuperação. Sei que não posso ajudá-lo em nada, mas pode crer que pensarei em si, e lhe desejo tudo de bom.
    E o sentido de humor e boa disposição ajuda mesmo!
    xx

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  8. Espero bem que o meu sentido de humor se mantenha que vou precisar dele, estou consciente e preparado pelo meu urologista e oncologista, que dias difíceis me esperam, mas o meu querer, a minha garra e a minha vontade, me irão ajudar, aceito porque sempre soube que não acontece só aos outros! Mas não esperava de todo, esta prenda de Natal, a partir de agora não vou mais falar em doenças.
    Um feliz Natal a todos os amigos, sejam virtuais, ou não, somos portugueses.

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