segunda-feira, 17 de novembro de 2014

O ALENTEJANÊS...


“ALENTEJANÊS”
Todo o bom alentejano “abala”, para um sítio qualquer, que normalmente é já ali. O ser já ali é uma forma de dizer que não é muito longe, mas claro que qualquer aldeia perto aqui no Alentejo está no mínimo a cerca de 30km. Só um alentejano sabe ser alentejano!

Um alentejano “amanha” as suas coisas, não as arranja, um alentejano tem “cargas de fezes”, não tem problemas, um alentejano vai “à do ou à da…” não vai a casa de…, um alentejano “inteira-se das coisas” não fica a saber… No Alentejo não há aldrabões há “pantomineiros” e aqui também não se brinca, “manga-se”.

No Alentejo não se deita nada fora, “aventa-se” qualquer coisa e come-se “ervilhanas” ou “alcagoitas” (amendoins) e “malacuecos” (farturas). Os alentejanos não espreitam nada nem ninguém, apenas se “assomam”… E quando se “assomam” muitas vezes podem mesmo ter dores nos “artelhos” (tornozelos)!

Muitas vezes viaja-se de “furgonete” (carrinha de caixa aberta), algo que pode deixar as pessoas “alvoreadas” (desassossegadas). Quando algo não corre bem, é uma “moideira” (chatice) e ficamos “derramados” (aborrecidos) com a situação, levando muitas a vezes a que as pessoas acabem por “guerrear” (discutir) umas com as outras e a fazerem grandes “escabeches” (alaridos).

“Ainda-bem-não” (regulamente) as pessoas t
​ê
m que puxar pela “mona” (cabeça) para se desenrascarem quando muitas vezes a solução dos seus problemas está mesmo “escarrapachada” (bem visível) à sua frente.

Não estou “repesa” (arrependida) de ter escrito esta pequena crónica, com vista a lembrar detalhes do património oral que nos é tão próximo e muitas vezes de “bradar aos céus”. “Dei fé” (pesquisei) a algumas expressões e tentei não vos criar, a vós leitores, uma grande “moenga”, apenas quero que guardem algumas destas expressões na vossa “alembradura” (lembrança)!

Com o meu abraço a todos os amigos alentejanos. 

5 comentários:

  1. Alentejanês,
    uma língua bem falada
    estou de volta outra vez
    com uma flor para a minha namorada.

    Antes que a coisa não murche,
    se mantenha rebitada
    com peluche ou capuche
    não quero que lhe falte nada!

    Ind'agora aqui cheguei,
    já estou d'abalada
    a magana não encontrei
    me deixou aqui ficar sem nada!

    Um abraço para ti amigo António.

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  2. Muitas das expressões que usam, penso que não são genuínas de alentejanos, mas que eram correntes no resto do país muitos anos atrás. Caíram em desuso ou deixaram de as usar e no Alentejo mantêm-se. Pode ser asneira, mas penso assim, porque minha avó materna, só saiu da aldeia lá no norte do país, para vir morrer a Lisboa, pois minha mãe foi buscá-la em 1959, porque ela estava muito doente. Soubemos depois que era cancro da garganta e morreu nos Capuchos em Lisboa pouco depois. E tanto ela como meu avô usavam muitos termos que hoje só os alentejanos usam.
    Abalar, inteirar-se, pantomineiros, assomar-se, artelhos. E sabe como a minha avó dizia, (eu achava imensa graça) que tinha uma dor na lombar? Era uma moideira nos quartos.
    Um abraço e uma boa semana

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  3. O Alentejanês é uma maravilha, mas concordo com a Elvira que algumas das palavras não pertencem apenas à maneira de falar no Alentejo, e claro que também faltarão muitas outras.
    Não estou nada "repesa" de ter lido este texto...:-) Como alentejana que sou.
    Boa semana, António!
    xx

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  4. Tal tá a moenga compadre!

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  5. Atã nã querem lá ver, moço dum cabrão sai ô pai deli. A minha Maria é tã boazinha, saí à mãim! Era a mãe a falar dos dos filhos. Se fosse o pai filha duma magana, é tal cal a mãim dela, o mê manel é tal cal pai!

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