terça-feira, 18 de abril de 2017

SONETO LAPOLEÔNICO...



I [SONETO NAPOLEÔNICO] (1)

Tendo o terrivel Bonaparte à vista,
Novo Hannibal, que esfalfa a voz da Fama,
"Ó cappados heroes!" (aos seus exclama
Purpureo fanfarrão, papal sacrista):

"O progresso estorvae da atroz conquista
Que da philosophia o mal derrama?..."
Disse, e em fervido tom sauda, e chama, [férvido]
Sanctos surdos, varões por sacra lista:

Delles em vão rogando um pio arrojo,
Convulso o corpo, as faces amarellas,
Cede triste victoria, que faz nojo!

O rapido francez vae-lhe às cannellas;
Dá, fere, macta: ficam-lhe em despojo
Reliquias, bullas, merdas, bagatellas.


(1)  Este soneto foi escripto na occasião em que o exercito francez
commandado por Bonaparte invadira os estados ecclesiasticos (1797),
chegando quasi às portas de Roma, e ameaçando o solo pontificio. O verso
nono: "Dellas em vão rogando um pio arrojo," envolve uma especie de
equivoco, ou como hoje se diria um calemburgo [ou trocadilho]; porque
Pio VI era o papa, que então presidia na "universal egreja de Deus". O
penultimo verso lê-se em algumas copias do modo seguinte: "Zumba,
catumba; ficam-lhe em despojo". [nota da fonte]

4 comentários:

  1. Olá, António, vi que sua Páscoa foi ótima! Hum... lindos e apetitosos camarões!
    Gostei de ler esse Soneto Napoleônico, muito interessante.
    Uma ótima semana pra você, amigo.
    Beijo além-mar.

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  2. Sobre o soneto não me vou pronunciar, pois mal consigo ver as letras. Já sobre a imagem que nos ofereces muito se pode dizer. O Bocage, além de poeta de reputada fama, parece ter sido um homem cheio de sorte. Basta olhar para a companhia a que teve direito na cadeia. A não ser que a comida deixasse muito a desejar, acredito que não tivesse vontade nenhuma de sair de lá.

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  3. O Bocage na prisão,
    tinha onde meter a salsicha
    não precisaria de mais não
    com fartura tinha chicha!

    Tenhas amigo António, um bom dia.

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