quinta-feira, 20 de novembro de 2014

ENGOLINDO O VÓMITO...


Nasci, gritei bem alto calando o silêncio da sala, ao sair do berço, vejo-me envolvido num silêncio obrigatório, em que o direito de defesa era inexistente, estava numa ditadura onde reinava a luta diária de sobrevivência e foi aqui que a voz da aventura falou mais alto, a 2.000kms de distância pude enfim respirar fundo, tinha direito a defesa e a reivindicar os meus direitos, em 1974, embora à distância, também gritei LIBERDADE como bom português.
Nascia então a esperança de voltar ao meu berço, gritar de novo, falar, protestar, o que aconteceu seis meses depois e aqui começou a minha tímida luta contra os ataques das feras poderosas  que, com as garras afiadas começaram a ferir e a atacar os mais frágeis, hoje com o decorrer dos anos resta-me ir engolindo o vómito duma política de corrupção e compadrio, engolindo o vómito de viver numa feira de mercado negro, deslocar-me à farmácia para comprar medicamentos e dizerem-me: (O seu medicamento está esgotado a nível nacional)! Deixe o seu contacto, quando tivermos avisamos!
Vou engolindo o vómito de ter descontado uma vida inteira para a Segurança Social, pensando eu que preparava uma velhice com dignidade, enganaram-me!
Porque agora o meu dinheiro já lá está e estão-se borrifando para o meu modo de vida!
Acho que vou acabar com vómitos por ter voltado ao berço que me viu nascer.


5 comentários:

  1. Eles estão lá por vontade do povo, por isso quem votou ou não neles, continuaremos com ou sem prazer a vomitar, porque esta nova-gera-confusão de políticos, nem preparados estão para guardar porcos lá no lameiro, quanto mais para governarem uma nação!

    Vomitemos à vontade,
    Vomitemos em liberdade
    por ser essa a realidade
    a corrupção tem prioridade?

    Um abraço e não vomites tudo,
    quando aquele de lá sair
    irá para outro igual ou mais pançudo
    e o povo continua a aplaudir e a sorrir!

    ResponderEliminar
  2. Até fiquei comovida ao ler o que escreveu, António. Nascer numa ditadura, ir para fora ganhar a vida, regressar ao país pela Liberdade e promessa de um país novo e passados tantos anos o que é que resta do sonho?...É triste, e alguns já nem vomitam porque pouco têm que comer.
    Falar às vezes de esperança não é fácil...
    xx

    ResponderEliminar
  3. Tiram-nos tudo. E enchem os bolsos deles.
    Cortaram as nossas reformas. Não há dinheiro para os idosos que passaram uma vida inteira a trabalhar para receberem de reforma menos de meia duzia de patacos, mas para eles voltaram os subsídios vitalícios. Que juntam a reformas chorudas.
    Um abraço

    ResponderEliminar
  4. A culpa da falta de medicamentos também é um pouco das farmácias que no passado encheram os bolsos com o nosso dinheirinho e agora com os seus lucros reduzidos a um mínimo que não estavam habituados, lutam por todos os meios para que a coisa corra mal e com isso consigam denegrir o trabalho do ministro da saúde.
    A entrada dos genéricos em grande escala não lhes agrada nada, mas poupa-nos muita massa.

    ResponderEliminar
  5. Somos nos os Dom Quixote21 de novembro de 2014 às 14:35

    Nao conheço o systema da saude em Portugal ;jà là vao 43 anos que estou fora !
    Aqui as farmàcias estao a brado umas das outras e digo sincéramente com mais clientes que os bares.
    Tudo vai mal ai (também por aqui)!
    Os médicos nao querem ir para as zonzas rurais nem pequenas vilas; esquecem-se que é o Povo que lhes paga a maioria do funcionamente dos estudos.
    Porque nao nationalisar o dominio da saude? Incluindo as farmàcias e as clinicas para ricaços.Nao isto nao interessa aos "GATUNOS" que nos (des)governam e a todos os que nasceram de "pata descalça)e hoje calçam sapatos de vernis.
    Que fazer ? Mais valem meus Yorqueshare do que esses filhos de PUTA (fora a mae que nao tem culpa).
    Muita saude e coragem e pensem que o caminho jà nao é longo e jà demos mais do que temos para receber AMEM ...
    Filipe

    ResponderEliminar