Os passageiros norte-americanos Mary Beth Crocker Dearing e Tom Dearing em frente ao Balmoral (Chris Helgren/Reuters)
Um grupo de 1309 passageiros, tantos quanto os que embarcaram há 100 anos no Titanic, partiu neste domingo de Southampton, no Reino Unido, numa viagem para lembrar o que aconteceu. Entre eles estão alguns familiares de vítimas do naufrágio.
Não faltam trajes a rigor ou um ambiente a recordar o século passado. A 15 de Abril de 1912, aquele que foi considerado o mais imponente navio do mundo embateu num icebergue e afundou na viagem inaugural, tendo morrido mais de 1500 pessoas – entre passageiros e tripulantes. Agora que passa um século, muitos quiseram recordar o que aconteceu.
O navio que hoje levantou âncora em Southampton não se chama Titanic, mas Balmoral. Tudo o resto foi pensado para lembrar a viagem de há 100 anos – a data da partida, o número de passageiros a bordo, a rota será a mesma, o destino é Nova Iorque. E para a hora em que o acidente ocorreu, pelas 15h45 do próximo domingo (hora de Lisboa), está prevista uma cerimónia de homenagem a bordo.
Eram 15h45 quando o Balmoral partiu do Sul de Inglaterra, e entre os passageiros houve quem trouxesse coroas de flores e outros objectos que pertenciam a familiares. Para essas pessoas, esta viagem é também um encontro com a sua história, a história de familiares que, em busca do sonho americano ou de uma viagem de sonho, embarcaram no luxuoso Titanic.
A bordo do Balmoral estão agora pessoas de mais de 20 países, entre familiares de vítimas, historiadores, escritores ou outras pessoas que se fascinaram pela história do Titanic. Irão comer refeições preparadas a partir do menu original, terão palestras sobre a viagem. “Estou certo de que o meu avô, que viajava na primeira classe, estaria orgulhoso pelo facto de a sua história ser partilhada nesta viagem histórica”, contou à BBC Philip Littlejohn, neto do passageiro do Titanic Alexander James Littlejohn, que sobreviveu por ter conseguido embarcar no salva-vidas número 13.
A viagem irá incluir uma visita ao local onde se encontram os destroços. “Será um momento muito especial”, adianta Philip Littlejohn.
Também Jane Allen, sobrinha-neta de uma das vítimas, quis participar nesta viagem, por isso comprou o bilhete que lhe custou 6000 libras (cerca de 7270 euros). “Não penso que esta seja uma viagem macabra”, disse à estação britânica. “Estive em cemitérios da Primeira Guerra Mundial e da Segunda e penso que é sempre importante recordar.”
Também Peter Hill, de 61 anos, embarcou com a mulher, Lynda e confessou ter uma ligação especial ao Titanic e a esta viagem. “O meu avô era um financiador e perdeu muito dinheiro quando o navio afundou. Era um homem muito rico, mas teve de vender duas quintas para pagar os prejuízos”. Na estante de casa, confessa, tem 38 livros só sobre o Titanic.
No site dedicado à viagem a norte-americana, Sharon Willing escreveu: “Quero poder lançar flores no sítio onde o meu avô morreu”. Um dos organizadores do cruzeiro, Miles Morgan, contou à AFP que demorou cinco anos a preparar a viagem “para que fosse o mais autêntica possível e uma homenagem aos que perderam a vida”.
Do local dos destroços, o Balmoral seguirá depois para a Nova Escócia, onde foram sepultadas algumas das vítimas do Titanic, e depois para Nova Iorque. Pelo caminho, os passageiros ouvirão uma orquestra a interpretar os temas que também se ouviram no Titanic.
(0 PÚBLICO)
Há coisas que eu não entendo António!
ResponderEliminarPara quê recriar algo tão trágico?
Tenha uma boa semana!
Um grande abraço :)
Sónia
Concordo Sónia! Recriar e tentar perpetuar só as coisas boas, coisas terríveis como esta, ou como as torres gémeas por exemplo, por muito que doa a familiares, ou a qualquer ser humano, era de tentar esquecer!
ResponderEliminarO meu abraço
Recordar com tristeza
ResponderEliminarMas é preciso ser lembrado
Algo trágico da natureza
Que poderia ter sido evitado?
Vi ontem na televisão uma reportagem sobre este cruzeiro, e concordo com a ideia, poderá considerar-se mórbida a ideia da visita a este túmulo colectivo, mas e então os nossos cemitérios não os visitamos também?
ResponderEliminarUm abraço
Virgilio