terça-feira, 26 de setembro de 2017

PORTUGAL DESENHADO NO MAR...






Portugal


Avivo no teu rosto o rosto que me deste,
E torno mais real o rosto que te dou.
Mostro aos olhos que não te desfigura
Quem te desfigurou.
Criatura da tua criatura,
Serás sempre o que sou.

E eu sou a liberdade dum perfil
Desenhado no mar.
Ondulo e permaneço.
Cavo, remo, imagino,
E descubro na bruma o meu destino
Que de antemão conheço:

Teimoso aventureiro da ilusão,
Surdo às razões do tempo e da fortuna,
Achar sem nunca achar o que procuro,
Exilado
Na gávea do futuro,
Mais alta ainda do que no passado.

3 comentários:

  1. Obrigada pelo belo poema. Torga é um dos meus poetas preferidos.
    Abraço

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  2. Não tem cara de ricaço,
    tem cara de boa gente
    rosto não desfigurado
    não sei estará contente?

    Esse poeta exilado,
    apaixonado pela poesia
    no Portugal libertado
    vive-se em democracia!

    Por enquanto ainda,
    bem eu quero continuar
    longe daquele Candimba
    que continua a ameaçar!

    Tenhas amigo António, uma boa tarte, muita saúde, Um abraço, e boa merenda!

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  3. Transmontano de boa cepa e afamado professor em Coimbra.
    Quem não gostava nada dele era o Salazar e o seu amigo Cerejeira. Já por cá não andam, senão perguntava-lhes porquê.

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