Esta canção pode-se adaptar perfeitamente à atualidade nacional...portugueses de 1ª, portugueses de 2ª!
CANÇÃO DA MÃO ESQUERDA
Sou gémea da mão direita,
O mesmo ar nos circunda:
Mas ela alçou-se a morgada,
E eu fiquei filha segunda.
Nascemos no mesmo leito,
Na mesma noite estrelada,
Porém, sendo eu irmã sua,
Ela é ama e eu sou criada.
Eu sou bem criada dela,
Que me está sempre a chamar,
Se os chapins laçar deseja,
Se os botões quer abrochar.
Ela é fidalga, eu plebeia,
Assim o quis nossa estrela:
Coisas mesquinhas são minhas,
E coisas belas são dela.
CANÇÃO DA MÃO ESQUERDA
Sou gémea da mão direita,
O mesmo ar nos circunda:
Mas ela alçou-se a morgada,
E eu fiquei filha segunda.
Nascemos no mesmo leito,
Na mesma noite estrelada,
Porém, sendo eu irmã sua,
Ela é ama e eu sou criada.
Eu sou bem criada dela,
Que me está sempre a chamar,
Se os chapins laçar deseja,
Se os botões quer abrochar.
Ela é fidalga, eu plebeia,
Assim o quis nossa estrela:
Coisas mesquinhas são minhas,
E coisas belas são dela.
Ela abençoa e agradece,
Leva à boca a sopa quente,
Dá a esmola, colhe a palma
E corta a flor rescendente.
Sobre os Santos Evangelhos
É ela sempre quem jura,
E ante o altar, no casamento,
Quem se mostra e faz figura.
Faz ela o sinal da cruz,
Do dia ao princípio e ao cabo,
E a mim manda-me fazer
Figas às bruxas e ao Diabo!
Ela sempre em fainas nobres
E eu sempre em descansos cruéis...
Só num ponto a venço e humilho:
Anda nua e eu trago anéis!
Mas na cova acabarão
Tantas dif´renças da vida:
Eu comida pelos vermes,
E ela pelos vermes comida!
EUGÉNIO DE CASTRO, Canções desta Negra Vida
O Grande Eugénio de Castro, aqui esqueceu-se que havia canhotos, e que estes fazem com a esquerda aquilo que os destros fazem com a direita, já em em termos politicos acertou na mouche.
ResponderEliminarUm abraço
Virgilio
Esta tinha-me passado despercebida, mas gostei de ler!
ResponderEliminarMão esquerda de segunda
ResponderEliminarMão direita de primeira
A segunda moribunda
A direita toca punheta!
Sem forças para o cinto apertar
Mão esquerda abandonada e esquecida
Com os cinco dedos para contar
As passadas amarguras da vida!
Mão direita manda a esquerda apertar
Enquanto ela nada fazer
Sempre a esquerda trabalhar
A direita sem trabalhar, mais receber!
Boa segunda-feira para ti, amigo António,
Um abraço.